17 agosto 2007

Cansamos!

Colunistas não lêem jornais e forçam a barra

Eliane Cantanhêde,

Acho que sua voz e de outros comentaristas brasileiros desconhecem o que os analistas internacionais norte-americanos, no olho do furacao desta crise, comentam. Portanto, acho que antes de escrever disparates como este de hoje, deverias passar o olho na imprensa internacional e ter uma posição mais balizada, afinal, pelo que sei, não és uma especialista em economia. Veja, por exemplo, que no Nelson de Sá, tá mais atualizado na questão.
Abraços,
Juciano

Veja o que diz editorial da Economist, citada por Nelson de Sá. Por isso, que não dá para entrar na onda do "Cansei", que se aproveita do acidente da TAM para constranger o Brasil a querer fazer silêncio, quando tem havido melhoras progressivas (embora ainda se tenha muito por fazer) para diminuir a desigualdade social. Por que não "cansamos" de o dinheiro dos bancos centrais alimentarem os especuladores financeiros que justamente arriscam seu dinheiro para ganhar juros de nós, que trabalhamos e consumimos? Ouvi um comentarista falar isso e achei muito preciso: para os pobres, o choque de capitalismo, para os ricos, o socialismo, afinal os governos podem subsidiar suas aventuras de risco.
TODA MÍDIA, 17 de agosto de 2007.

Em meio à crise nos mercados, a "Economist" deu o editorial "Up from the bottom of the pile" (http://economist.com/opinion/displaystory.cfm?story_id=9653053), algo como subindo do fundo da pilha, sobre a América Latina. "Algo bastante excitante está acontecendo", diz o segundo enunciado. "Especialmente no Brasil e no México, os dois gigantes latino-americanos, as coisas estão melhores hoje do que desde os anos 70." Após juntar argumentos com os fundamentos econômicos, diz que, "mais ainda, a estabilidade e o crescimento mais rápido começam a transformar as condições sociais com velocidade impressionante" em parte por "políticas dos governos democráticos reformistas". Dá, como exemplo disso, que "a renda dos pobres cresce mais rapidamente do que a dos ricos no Brasil, onde a desigualdade é a menor em uma geração".

Veja como força a barra a Eliane, ao fazer uma crítica descabida ao Governo Lula, comparando a crise aérea com a crise dos subprimes norte-americanos. Ela deseja fortemente que essa crise abale o Brasil. Vai jogar contra o país assim na nos EUA!!!!

Antes de novo desastre BRASÍLIA - Os maiores especialistas ainda não conseguem responder com segurança duas questões básicas: 1) a crise é grave e duradoura ou superficial e rápida?; 2) até onde pode atingir o Brasil?
A crise já ocupa as manchetes há uma semana, deixou claro que a expectativa de crescimento dos EUA vai cair e afetou as Bolsas e o dólar no Brasil, como, de resto, em todo o mundo, um mundo "globalizado", para o bem e para o mal.
Esse cenário não parece evoluir para recessão nos EUA e quebra de uma instituição de grande porte, gerando uma crise sistêmica, um castelo de cartas. O momento, porém, não é de tranqüilidade. (...)
O que mais preocupa é a capacidade do governo Lula de gerir crises. Já imaginou se for com a mesma rapidez e competência do apagão aéreo? Até agora não se viu, ouviu ou leu sobre providências de Lula e da equipe econômica. Aliás, nem mesmo de meras reuniões de avaliação, algo elementar para evitar surpresas e correrias depois. (...)
Provavelmente, não tem televisão em casa.
Agora, o Brasil e o mundo estão sabendo e sentindo os solavancos da crise econômica. Espera-se que Lula não leve novamente dez meses para ver, ouvir, ler. Ou seja, para saber e agir antes de novo desastre." (fonte Folha de São Paulo, 17/08/2007 - para assinantes)

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06 agosto 2007

Nossa mídia é independente? Um exemplo da revista Época

Da coluna Toda Mídia (para assinantes), de Nelson de Sá, na Folha de São Paulo (06/08/2007).

Na capa do "Wall Street Journal" sobre "o homem mais rico do mundo", "Slim faz seus bilhões à velha maneira: monopólios". Na primeira frase do texto, "Slim é o Senhor Monopólio do México". Já na revista "Época", da Globo, associada de Slim na Net, lá pelo meio do texto, o registro de que, "tanto Bill Gates [o mais rico anterior] quanto Carlos Slim enfrentam competidores, mas ambos têm conseguido manter níveis elevados de controle de seus mercados".
Em quadro no "WSJ", as diretrizes de Slim, tipo "negar acesso a sua rede", "dumping" etc. Em quadro na revista, as "regras de ouro do bilionário", oficiais, tipo "otimismo sempre rende frutos", "manter austeridade fortalece" etc.

Como garantir, então, que os interesses do mercado neo-liberal não se sobreponham em tantos outros temas cobertos pela imprensa, se no caso do tratamento do modelo de riqueza do mexicano Slim, parceiro da Globo, temos tamanha conivência. Agora pensemos no bombardeio sobre a Infraero. É uma empresa que rende milhões em taxas, mensalmente. Quanta gente não deve estar louca para decretar sua incompetência nas mãos do Estado, para justificar a "necessidade" da privatização da estatal que gerencia os aeroportos nacionais?

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