07 janeiro 2010

Leitura Critica da Comunicação

Juciano Lacerda
Prof. Decom/UFRN

Há uma máxima de Jesus Cristo: “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”. Recomendo-a para cada leitor-cidadão deste jornal, no sentido de sempre buscar mais de uma fonte de informação sobre as notícias de Natal e do Brasil. Se tiver uma manchete num jornal procure o mesmo tema em outros e confronte o que eles dizem. Vai perceber que nossa imprensa se posiciona politicamente justamente no que escreve nas manchetes e na decisão sobre que acontecimentos dar maior ou menor visibilidade.
Principalmente, em se tratando de pesquisas eleitorais. Se um jornal é a favor de um determinado candidato ou futuro candidato, se ele estiver bem, vai dar grande manchete anunciando sua ótima posição nas pesquisas. Se seu candidato vai mal, fala dele mesmo assim, pois se falasse do concorrente lhe daria mais visibilidade. Mas não vai dar na capa da edição impressa, nem na primeira página da versão para Internet.

Embora as TVs e Rádios sejam concessões públicas, elas foram loteadas por empresas e políticos (o que é contra a Constituição!). E as empresas de televisão e rádio, principalmente as regionais, acabam dando maior visibilidade aos interesses de seus grupos e não aos interesses dos cidadãos. Mas vendem toda essa informação como sendo “legítima”, “objetiva” e “imparcial”. Cidadão: duvide sempre! Duvidar é preciso”.
Quando um governo tem boas iniciativas, mas os grupos midiáticos lhe fazem oposição, você não vai ver bons comentários sobre tais iniciativas. Mas na hora que tal governo der um pequeno escorregão, todos vão ressoar críticas e mais críticas. É a chance dos grupos midiáticos e seus interessados políticos de quebrar ou sujar um pouco a imagem de um governo. Da mesma forma, se são simpatizantes de um determinado governo, vão minimizar as críticas e ampliar os elogios.

Portanto, é necessário exercer sempre uma leitura crítica dos meios de comunicação. E trata-se de coisa muito simples: nunca ficar na primeira notícia ou manchete. Ler os textos na íntegra, pois às vezes dizem uma coisa na manchete e outra no texto, contraditória. Bingo! Se você descobre isso, já é um posicionamento crítico de sua parte. Comparar as edições dos telejornais, para ver quem deu tal notícia e como a apresentou para os telespectadores e comparar as diferenças de abordagem. Você vai perceber coisas muito interessantes.

Lembre-se sempre que a notícia tem grande importância social, mas também é, ao mesmo tempo, um produto à venda pelas empresas de comunicação. Desta forma, entre o lucro e os interesses dos cidadãos, geralmente os grupos midiáticos ficam com o primeiro. Defenda o seu direito de ter acesso à informação de qualidade. Seja um leitor crítico da comunicação!

Publicado no Jornal A Ordem, Natal-RN, p. 10 - 10, 29 nov. 2009.

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