15 novembro 2009

Acompanhamos o que nossos filhos vêem na TV?

Juciano Lacerda,
jornalista e professor do Decom/UFRN


Minha filha nasceu no final de outubro deste ano, sou pai pela primeira vez e vejo que este maravilhoso acontecido mudou meu hábito televisivo. Não dá para ver novela das oito, ver conflitos familiares e deixar meu bebê sentir todas essas vibrações negativas. Desliguei a TV e passamos a ouvir música infantil e ler mais historinhas.

Por exemplo, você, pai ou mãe, está vendo TV com os filhos menores de dez anos de idade. Vai começar a novela das 18h e, de repente, durante cinco segundos, aparece um quadrinho azul claro com o número 10 (dez), seguido do texto: “Não recomendado para menores de 10 anos. Tema: conflito familiar. Contém: linguagem depreciativa e obscena e insinuações de consumo de drogas”. Esta é a Classificação Indicativa desenvolvida pelo Ministério da Justiça em conjunto com especialistas e organizações de proteção à criança e ao adolescente de todo o Brasil. É um importante instrumento para auxiliar os pais na decisão sobre o que devem ou não seus filhos ver na televisão. Ao ficar informado da sugestão de idade recomendada e que tipo de conteúdo é problemático no programa de TV, cabe ao pai ou a mãe tomar a decisão e dialogar com os filhos.

A classificação indicativa traz sete classificações: “ER” para “especialmente recomendado para crianças e adolecentes”, “L” para “Livre” e as demais correspondem a faixa etária recomendada para maiores de 10 anos, 12 anos, 14 anos, 16 anos e 18 anos. A portaria do Ministério da Justiça que estabeleceu a classificação das faixas etárias está valendo desde 12 de fevereiro de 2007. E no dia 8 de abril deste ano as TVs do Brasil inteiro foram obrigadas a cumprir também as diferenças de fusos horários em estados como Amazonas, Acre, Rondônia em que o horário é diferente da hora de Brasília.

Mas você precisa ficar atento, pois as TVs não estão cumprindo a classificação como deveriam. A TV Globo, por exemplo, tem um programa exibido no final da manhã (que seria horário livre “L”) voltado para crianças, a TV Globinho. E nesse programa, por volta das 11h, no início de 2009, era exibido o desenho “Os Simpsons”. Uma análise de “Os Simpsons” aponta a presença de tortura, mutilação, violência gratuita, violência familiar. Logo, ele deveria ter a classificação indicativa para maiores de 14 ou, até mesmo, 16 anos. Na época, fiz uma denúncia ao Ministério Público e, coincidência, ou não, “Os Simpsons” deixaram a programação. Você também deve estar vigilante e fazer a denúncia quando um programa veiculado na televisão não respeita a classificação indicativa. Com essa atitude você estará protegendo seus filhos e contribuindo para a cidadania. Entre em contato com o Ofício do Ministério Público em Natal através da Ouvidoria: 0800-2848484. O contato também pode ser feito por e-mail: ouvidoriamp@rn.gov.br.

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