09 outubro 2006

Opacidade das interfaces tecnológicas: o voto eletrônico

Na discussão sobre as interfaces amigáveis (a metáfora do desktop, do IMac da Apple) e as interfaces duras (Linux, o formato do MS-Dos, lembram?) diz que: quanto mais amigável uma interface, mas opaca é a mediação entre o usuário e os dados que opera ou acrescenta, pois os elementos complexos de configuração distanciam o usuário dos dados ali armazenados no computador. É a crítica que foi abafada em torno das urnas eletrônicas que são usadas nas eleições brasileiras. Carlos Castilho, editor do blog Código Aberto, do Observatório da Imprensa comenta a confiabilidade do voto eletrônico e cita dois sites interessantes: Voto Seguro e o livro Fraudes & Defesas no Voto Eletrônico escrito pelo engenheiro informático Amilcar Brunazo Filho e pela advogada Maria Aparecida Cortiz.

Esse aspecto tem relações com o culto ao número e ao cálculo, que não abrem espaço a indagações sobre sua racionalidade tecnológica. É o que desenvolvo com Manuela Callou no artigo DE INSTRUMENTO A RACIONALIDAD: LAS TECNOLOGÍAS DE LA COMUNICACIÓN DEL DIFUSIONISMO A LA SOCIEDAD DE LA INFORMACIÓN (Lacerda & Callou, 2006) que será apresentado na AIJIC, em Zaragoza, Espanha, na Mesa 2 (Estructura y Políticas de Comunicación):

La técnica digital (la conversión de toda y cualquier información textual, sonora y en imagen en el código binario 0 o 1) se ha convertido en la posibilidad de una sola lengua matemática con capacidad para traducir todas las otras en el ciberespacio de Internet. El culto a la racionalidad, la perfección, la “verdad” de los números no es de ahora. “Para Leibniz y sus contemporáneos, la búsqueda de métodos de cálculo más rápido visa responder a las exigencias de la formación y del desarrollo del capitalismo moderno” (Mattelart, 2002, 13). Fue importante para la fundamentación del paradigma de la sociedad de la información, el enfoque en las prácticas tecnológicas industriales, principalmente a partir del cálculo de los ordenadores, de los estudios del economista franco-americano Marc Uri Porat. “Porat centra su atención en los sistemas de información (ordenadores y telecomunicaciones). De eso resulta una definición de la información inscrita en la más pura tradición del estoque numérico: ‘cantidades de datos (data) que fueron organizados y comunicados’”. (Mattelart, 2002, 70).

Abraços, Juciano Lacerda.