23 setembro 2006

Web 2.0, a Internet baseada na interação

por Juciano Lacerda

Um dos temas que tem movido o campo jornalístico e as formas de produção e disseminação de informações pela Internet é o chamado jornalismo cidadão e as iniciativas colaborativas e interacionais na produção de conteúdo na rede. É o que se chama de Web 2.0. A jornalista Ana Redig, especialista em Internet e Web 2.0, mantém um blog para discutir o tema. "Web 2.0 é o nome dado à nova fase da Internet, baseada em inteligência coletiva, isto é, na construção coletiva do conhecimento. Através da interação, comunidades criadas em torno de interesses específicos poderão apoiar uma causa, pressionar uma empresa ou mudar a opinião pública sobre qualquer assunto. Instituições, governos e empresas já estão incorporando esta cultura para gerar riqueza e conhecimento", diz a jornalista na apresentação do seu blog Web 2.0 no Brasil.

Claro que o conceito de inteligência coletiva, baseado em Pierre Lévy, é passível de críticas. Contudo, a busca de uma mentalidade interacional na oferta de informações, quebrando a lógica da interação reativa em busca de uma interação mútua (Alex Primo) começa a ser percebida pelas empresas produtoras de informação. Elas sofreram a influência de experiências como blogs, Wikipédia, Youtube e outras. Surgem, assim, estratégias como o "Eu repórter", da Globo.com, ou o "Minha notícia", do portal IG. Em que o mercado assume a perspectiva interacional e participativa como estratégia de manter seus domínios também no espaço da Web. O interessante é que essa estratégia do sistema midiático para assimilar as ações do meio ambiente comunicacional da Internet possibilitam a visibilidade de novos atores informativos, embora ainda sob a lógica editoral das organizações midiáticas.

O que isso representa em termos de participação, cidadania e democracia da comunicação é preciso registrar como "trilhas" e fazer a cartografia dos processos que surgem sob a alcunha da Web 2.0. Está aí um campo interessante para novas investigações.